EMULSÕES SERIGRÁFICAS
Emulsões
serigráficas são colóides compostos de resinas aquosas que, misturadas a agentes
químicos fotoiniciadores, formam a matéria-prima para a confecção do estêncil
serigráfico sob a tela. Resinas comuns para esta finalidade são: o álcool e o
acetato polivinílicos (PVA, PVAC), além de gelatina animal ou alguns
copolímeros. São utilizados como agentes fotoiniciadores os bicromatos, os
ferroprussiatos e certos diazônos.
Nestas
composições também se utilizam pigmentações que oferecem ao estêncil
resistência química aos solventes utilizados em certas tintas, ou na limpeza da
matriz, além de auxiliar a inspeção visual da matriz. As emulsões são apresentadas comercialmente sob forma líquida ou em
folhas de espessura constante (em filme) pré-sensibilizadas ou não.
A
exposição fotográfica da emulsão é feita através de um filme gráfico de alto
contraste e opacidade com a imagem original a reproduzir o chamado fotolito.
O ideal seria que as áreas opacas dos
fotolitos não permitissem a passagem de nenhuma radiação na faixa de
sensibilidade das emulsões. Nas áreas transparentes, os fotolitos bloqueiam
cerca de 1,0% da energia, dado um fluxo energético de aproximadamente 40mj/cm2
min (mili-Joules por centímetro quadrado minutos).
,
este valor refere-se a uma lâmpada de vapor de mercúrio normal para exposição,
2000 watts, a 1,0 m
de distancia; A sensibilidade fotográfica das emulsões se encontra na faixa do
ultravioleta próximo (UV-A) e a energia é medida em faixas específicas do
espectro em mili-Joules por centímetro quadrado (MJ/ cm2), sendo que
01 joule equivale a 01 watt/ segundo.
É
dito que as emulsões são sensíveis à luz ou fotossensíveis na faixa de Ultra
Violeta. Mais correto seria dizer que a emulsão é sensível à radiação ou
energia eletromagnética em certa faixa de comprimento de onda.
A energia eletromagnética tem como propriedades:
- É irradiada a partir de uma fonte
em todas as direções;
- Não requer substância portadora
(propaga-se no vácuo) e pode atravessar vários materiais;
- Tem velocidade de propagação que
se reduz conforme a densidade da substância que atravessa;
- A propagação ocorre em linha
reta;
- Propaga-se de forma pulsante;
- Sua energia é transmitida para as substâncias na proporção da densidade destas e da forma específica das pulsações.
A
luz, como nossos olhos percebem, é a faixa de energia eletromagnética com
comprimentos de onda de 400 a
700 nanômetros (1nm = a milésima parte do mm).
SENSIBILIDADE
FOTOGRÁFICA
A
emissão de radiação das lâmpadas geralmente é maior que a faixa do espectro
eletromagnético do que a faixa de sensibilidade das emulsões. Portanto, se uma
dada emulsão requer, por exemplo, 300 MJ de exposição, basta saber quanta
energia uma lâmpada emite a certa distância durante certo tempo.
INTENSIDADE EM FUNÇÃO DA DISTÂNCIA
Considerando-se
uma fonte energética pontual (sem dimensão), ela envia energia igualmente em
todas as direções e somente uma certa quantidade atinge a área que desejamos
expor.
Por
isso devemos levar em conta que se expusermos uma matriz serigráfica a certa
distância da luz, a quantidade de energia será o fluxo contido dentro de uma
pirâmide com vértice na fonte (lâmpada) e base no formato desta área. Não
podemos desconsiderar que se aumentarmos a distância, aumentaremos a área de
exposição, entretanto, deveremos também aumentar o tempo de exposição devido à
perda de energia devido ao aumento da distância.
ESPESSURA DA CAMADA DE
EMULSÃO
Como
todos os fotopolímeros, as emulsões serigráficas ao receberem radiação de luz,
começam a absorver esta radiação, transportando esta energia para as moléculas
de seus componentes químicos, fazendo com que estas se liguem formando um
composto com características físico-químicas diferentes das originais.
A
característica que procuramos é a insolubilização parcial, ou seja, o fato que
as áreas expostas tornam-se menos solúveis a certos solventes, especificamente
a água. Esta insolubilização ocorre em função do tempo de exposição
direcionalmente e em profundidade na emulsão.
Quanto
mais espesso for o filme de emulsão aplicado, tanto maior será o tempo de
exposição necessário para promover a característica de insolubilização até o
nível dos fios do tecido.
Certos
corantes empregados na fabricação de emulsões podem fazer com que o tempo de
exposição para espessuras maiores fique muitas vezes maior.
As
emulsões podem ser apresentadas em estado líquido ou em filme seco com
espessura constante ajustada de fábrica. A espessura final de impressão é
determinada pelo tecido e nas bordas da imagem, por este mais a espessura da
emulsão sob os fios.
CONTROLE DE APLICAÇÃO DE CAMADAS DE
EMULSÃO
Uma
das maneiras de ampliar a qualidade da imagem impressa é controlar com precisão
a camada de emulsão aplicada na malha.
O
serrilhado e a falta de definição são problemas que perseguem a maioria dos
serigráfos em todos os segmentos de mercado. A solução encontrada em muitos
casos é a utilização de malhas com tramas mais fechadas, ou seja, maior número
de fios por centímetro. Apesar deste procedimento solucionar parte do problema,
nem sempre malhas mais fechadas significam maior definição.
A
definição de imagem, isto é, bordas perfeitamente definidas, sem serrilhas são
obtidas através do controle da aplicação da emulsão e não da abertura da malha.
Como exemplo podemos citar a necessidade de impressão com uma malha de 25 fios/
cm. Vamos dizer que devido ao uso de um tipo de tinta especial, o serigráfo
tenha que usar uma matriz de 25 fios. É perfeitamente possível obter uma boa
definição em malhas abertas, para isto basta controlar a camada de emulsão
fotográfica aplicada à tela.
A
aplicação da emulsão fotossensível para gravação da imagem na tela serigráfica
requer cuidados especiais. Como a malha consiste em uma trama, a irregularidade
da emulsão aplicada também acompanha a trama.
Desta
forma uma aplicação malfeita apresentará irregularidades que acompanham os
altos e baixos dos fios da malha, provocando deficiências na imagem impressa.
Com uma maior número de camadas de emulsão essa irregularidade desaparece e a
camada de emulsão tornasse muito mais resistente sem perder nenhum detalhe da
imagem contida no fotolito.
O
controle de aplicação das camadas de emulsão consiste em aplicar várias camadas
de emulsão, molhada sobre seca, de maneira a formar um filme final sem
irregularidades, este processo é feito da seguinte maneira:
- Primeira aplicação: Com a malha preparada, isto é, livre
de poeira, sujeiras e perfeitamente desengordurada. Essa primeira camada
consiste em duas aplicações de emulsão pelo lado externo da matriz (lado do
substrato) e uma passada pelo lado interno (lado do rodo). São passadas de
emulsão molhado sobre molhado. Esse processo requer aplicador que proporcione
controle de camada sem imperfeições.
A
tela deve ser colocada para secagem com a parte interna (lado do rodo) para
cima. Depois da emulsão seca, aplica-se uma nova camada pelo lado externo da
matriz (lado do substrato).
- Segunda aplicação: A Segunda aplicação é feita sobre o
lado externo. Neste caso, molhado sobre seco. Nesta fase utiliza-se uma única
passada, de maneira a igualar a camada anterior evitando as imperfeições causas
pela trama da malha. Novamente, a tela é colocada para secagem da camada
aplicada. Controlando as camadas de emulsão aplicadas na tela você verá que é
possível aumentar a definição da imagem sem ter que utilizar malhas muito
fechadas.
DEFINIÇÃO E DESCARGA DA
TINTA
Como
vimos é possível obter melhores níveis de definição utilizando recursos de
aumento da camada de emulsão, todavia, é importante buscar um controle entre o
depósito de tinta e a definição. O depósito de tinta é aumentado pela espessura
da malha e por um maior número de camadas de emulsão.
Porém,
recursos do fio da borracha do rodo, inclinação e velocidade de impressão
também podem alterar o depósito de tinta. A definição também pode ser
controlada com o uso de malha mais fechada, todavia os melhores resultados são
obtidos com o controle preciso das camadas de emulsão. A definição também pode
ser controlada por recursos de pressão, inclinação e velocidade do rodo, assim
como fora de contato e diluição da
tinta.
A MATRIZ SERIGRÁFICA É COMPOSTA
BASICAMENTE DE 3 ELEMENTOS:
- CAIXILHO (QUADRO): Cuja função é manter o tecido
tensionado (esticado);
- TECIDO: Cuja função é servir de ancoragem
para a camada fotográfica (emulsão) e também está diretamente ligada à
deposição de tinta;
- EMULSÃO: Camada fotográfica, cuja função é
delimitar a passagem da tinta pelo tecido e o seu escoamento pelo
substrato. Ou seja, é a responsável direta pela qualidade da imagem
impressa. independente do fio do tecido - apenas eram fechados os
orifícios entre os fios da tela e quase não existiam fios parcialmente
abertos ou o orifício estava totalmente aberto ou fechado.
COMPONENTES DA MATRIZ
Antigamente,
as emulsões não tinham uma perfeita definição, o que não permitia um recorte de
imagem independente do fio do tecido - apenas eram fechados os orifícios entre
os fios da tela e quase não existiam fios parcialmente abertos ou o orifício
estava totalmente aberto ou fechado. Para reduzir o efeito serrilhado da
imagem, procurava-se trabalhar com tecidos mais fechados e fios mais finos.
Conseqüentemente, também se reduzia a quantidade de tinta que atravessava a
matriz e seu depósito sobre o substrato.
RECORTE DA IMAGEM COM EMULSÃO DE BAIXA
DEFINIÇÃO, EM
TECIDOS ABERTOS E FECHADOS.
As emulsões
de última geração, de altíssima definição e resolução, permitem um recorte de
camada fotográfica totalmente independente da trama do tecido. Assim sendo, o
contorno da imagem não está associado ao quadriculado dos fios do tecido.
Portanto, ao utilizar emulsões especiais de alta definição, temos liberdade de
trabalhar com qualquer tecido, mantendo o mesmo nível de recorte fotográfico.
quantidade
de tinta que atravessava a matriz e seu depósito sobre o substrato.
O diâmetro do menor
ponto da imagem reproduzível em
serigrafia deverá ser igual ou maior que a soma de 1 espaço entre fios mais 2
diâmetros de fio do tecido da matriz de impressão. Para pontos menores que este
limite, a impressão se torna crítica
Obs.: Na
definição do tecido ideal, deve-se também analisar a ancoragem dos detalhes
mais finos (eles tem que estar apoiados em pelo menos dois fios de cada
direção) e obstrução das menores áreas abertas pelo fio do tecido.
Portanto,
ao utilizar emulsões de última geração, o mundo tridimensional da serigrafia se
abre para nós. É possível conseguir efeitos de relevo simples (uma única cor em
alto relevo), múltiplas impressões em relevo (impressão sobre impressão, conseguindo
efeitos de texturizações) e até efeitos visuais como lenticulares (imagens
escondidas).
É
importante realçar que somente a emulsão não faz milagres. Todo um conjunto
deve ser analisado de uma forma sistêmica: desenho, tecido, emulsão, processo de
confecção da matriz, tinta, rodo e impressão.
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