ESTAMPARIA
Para ajudar estudantes de moda e os demais profissionais ligados a serigrafia a entender melhor o trabalho que executamos, preparamos este material apenas com os conhecimentos adquiridos na experiências, leituras, visitas à fabricas de tecido e malha, e feiras internacionais. Vamos tratar aqui neste trabalho, de estampas executadas sobre tecidos à metro, que denominamos de “Estampa Corrida”, e as estampas executadas sobre uma peça de tecido cortada, que denominamos de “Estampa Localizada”.
INTRODUÇÃO
Desde os primórdios dos tempos, desenhos, coloridos ou não, são aplicados em tecidos pelos seres humanos. Ainda hoje se usa métodos antigos, não só em comunidades sem acesso à tecnologia, como em ateliês que desejam reproduzir estas antigas técnicas, como batik e pintura à mão, por razões artísticas ou de estilo. A verdade é que , ainda hoje, as técnicas primitivas ainda fazem sucesso e conferem um charme especial, como alternativa à produção massificada.
Veja, por exemplo, as estampas de Bali, em batik, que já fizeram tanto sucesso, sobretudo em cangas e lenços. Os exemplos encontrados até hoje nas culturas asiáticas e africanas são exemplos riquíssimos de como cada cultura decora suas vestimentas, e demais tecidos do cotidiano e da decoração, com desenhos estampados.
Mesmo a estamparia à quadro manual, que utilizamos, é um método praticado há muitas décadas, mas que ainda não perdeu sua utilidade e praticidade. Em países onde a mão de obra é melhor remunerada, ela se torna economicamente inviável de ser executada manualmente, devido aos custos mais elevados que vão se agregar à estampa, além do nível de exigência de qualidade e acabamento que os países mais avançados estão habituados a encontrar em seus mercados.
Para isso existem diversos modelos de máquinas que conferem qualidade e alta produtividade à estamparia. Não só para a estampa corrida como nas estampas localizadas.
Aqui no Brasil, os grandes fabricantes de tecidos, malhas e vestuário, também adotam as mais avançadas técnicas de estamparia mecanizada, com excelente qualidade e acabamento.
Mas, quando a necessidade de urgência, de exclusividade e volumes mais baixos de produção se aliam, é quando as estamparias independentes, de menor porte, se viabilizam.
Neste caso, os processos manuais à quadro, ou seja, a serigrafia manual, torna economicamente viável o atendimento das necessidades de inúmeros empreendimentos, que desejam produzir artigos estampados, muitas vezes exclusivos, em quantidades compatíveis com o tamanho de seus negócios - normalmente empresas de pequeno e médio porte.
Embora, algumas empresas maiores, também recorram às estamparias independentes e manuais para viabilizar prazos e designs exclusivos.
A estamparia manual é mais utilizada para pequenos lotes de produção, que podem ser de algumas dezenas de metros à alguns poucos milhares de metro (1 à 5 mil metros) pois, além disso, as próprias fabricas de tecido já fornecem o material estampado, na quantidade que for, por preços mais competitivos.
No caso de um cliente de moda infantil, que faz até 5 mil metros da mesma estampa em vários materiais diferentes, a estamparia manual pode ser mais competitiva do que abrir cilindros para maquinas rotativas em diversos fornecedores para estampar menores quantidades de cada material.
Antigamente, desde o século XIX, a estampa à metro era feita à quadro, à mão, sobre longas mesas, sendo que, ao longo do tempo vários aperfeiçoamentos e equipamentos foram sendo desenvolvidos para dar mais uniformidade e regularidade ao resultado do trabalho de estampagem, como carrinhos para portar os quadros, rodos com pesos para substituir a pressão braçal, acionados por alavancas, etc.
As modernas estamparias industriais se utilizam da estamparia mecanizada, à quadro ou com cilindros, que devido aos alto custo do investimento em equipamentos, normalmente estão associadas ao processo industrial das fabricas de malhas ou tecidos. Esse investimento é muito alto pois além da máquina de estampar, que já é cara, tem-se que adquirir também equipamentos para secagem e fixação da tinta, amaciamento e ramagem do material à metro, e rebobinagem de velocidade e precisão, para acompanhar a produção da máquina , que pode alcançar 80 metros por minuto. Certa tintas a base de corantes, ainda exigem uma sequência de vaporização, lavagem, ramagem e secagem que encarecem mais o processo.
Existem mesas à quadro automáticas, onde o tampo da mesa é uma esteira rolante e os quadros ficam instalados de forma a serem acionados mecanicamente, substituindo o trabalho braçal, com várias telas sequenciais, que vão subindo e descendo, imprimindo o material a medida que a esteira rolante vai adiantando o material num deslocamento pré-estabelecido (medida do rapport do desenho a ser repetido).
Os equipamentos mecanizados são construídos para atenderem a um determinado número de cores, normalmente 8 a 12 cores, que dá para executar uma variedade enorme de desenhos. Lembrando que superposições de cores geram outras cores, e que o recurso da quadricromia reproduz ilustrações ou fotografias com todas as cores.
O sistema manual, teoricamente não tem limite de cores. O limite é o resultado desejado e/ou, o custo que se esta disposto a pagar.
Existem também mesas automatizadas, onde um carrinho mecanizado, com acionamento pneumático, recebe um quadro de cada vez, e imprime automaticamente cada cor. Neste caso também pode-se usar quantas cores se desejar.
Grandes costureiros, que criam estampas elaboradíssimas, com 20 cores ou mais, para fabricar meia dúzia de vestidos, que serão vendidos pelos “olhos da cara” para umas poucas abonadas, também usam estas mesas na Europa. Já foi exibido na TV um filme sobre Yves Saint Laurent que mostrava exatamente esta situação.
No caso da arte serigráfica, onde são criadas obras artísticas em série limitada, não é difícil de encontrar quadros realizados com dezenas de quadros. Já testemunhamos, numa exposição, quadros com 350 cores. Vários com mais de uma centena de cores. Imaginem o trabalho da separação de cores, da gravação das telas e da impressão - um investimento e tanto em tempo e material.
O DESENHO E A ARTE FINAL
O inicio de tudo se dá com a escolha e o desenvolvimento do desenho a ser reproduzido. Um desenhista experiente faz então a separação das cores, que consiste em se fazer um desenho separado para cada cor que compõe o desenho ou a arte desejada.
O conjunto dos desenhos da separação das cores constitui o que chamamos de “arte-final”.
Este processo é todo feito no computador, com grande precisão, e as artes finais impressas numa plotter de grande formato. A arte-final é encaminhada em seguida à confecção de telas, e vai resultar em uma tela para cada cor.
QUADROS, OU TELAS, OU MATRIZES
É a ferramenta fundamental do silk-screen, ou serigrafia.
Basicamente é constituída da moldura e de uma gaze, ou tecido, esticada e fixada na moldura. Originalmente os quadros eram esticados com seda, daí o nome seri (seda em latim) grafia, ou silk-screen ( silk = seda em inglês, screen = tela). Hoje utiliza-se normalmente um tecido técnico em poliéster, fabricado exclusivamente para este fim, devido à sua excelente estabilidade dimensional, que garante a consistência do registro das cores da estampa por várias produções seguidas.
Usamos os melhores tecidos suíços, de poliéster monofilamento, esticados nas altas tensões necessárias à obtenção de um quadro com características profissionais. É na qualidade da matriz que se garante a qualidade da produção.
As molduras podem ser em madeira, alumínio ou ferro.
Utilizamos quadros, em medidas padronizadas, com molduras em perfil retangular de aço galvanizado, conhecido no mercado como “metalon”.
O metalon é oferecido em várias bitolas e espessuras de parede, permitindo montar-se quadros com a resistência que se deseja, para suportar a alta tensão de esticamento das tela, que podem alcançar 28 Newtons, que é uma medida de força, ou tensão.
As telas são esticadas num esticador eletromecânico e a tensão desejada é controlada através de um tensiômetro, aparelho que se coloca no meio do quadro esticado, onde um mostrador indica a tensão obtida.
O correto esticamento, na tensão adequada, é também responsável pela qualidade final da estampa; embora muita gente não se dê conta disso. Exija de sua estamparia quadros profissionais bem esticados.
Para que a estampa fique perfeita, contribuem vários fatores, sendo o mais importante o registro perfeito. Registro é o encaixe exato de cada cor do desenho nas demais cores que o compõe. Para conseguir isso as telas possuem 2 parafusos de apoio e outro com uma “chaveta”. Os parafusos regulam o movimento longitudinal e o angulo da estampa na hora do registro e a chaveta o movimento lateral.
Estes três elementos, devidamente ajustados, permitem que se possa estampar cada cor no seu devido registro, estampa após estampa.
Numa estampa localizada, basta o cliente indicar num desenho a posição onde a estampa será aplicada. Não é necessário que o cliente coloque qualquer marcação nas peças que serão estampadas, como já vimos acontecer.
Normalmente já gravamos as telas devidamente registradas e na posição correta para o tipo de peça aonde a estampa será aplicada.
As telas são gravadas com a imagem de cada cor da arte-final.
Para isto utiliza-se uma emulsão fotosensível apropriada, que é aplicada uniformemente, e com muita técnica, ao tecido do quadro.
Depois de seca, na posição horizontal - para não escorrer - a tela pode então ser gravada.
Prensa-se a arte final ou o fotolito entre a tela e um vidro (com pesos ou com vácuo) e se expõe a à uma fonte de luz por um tempo determinado. A área da emulsão que recebe a luz, endurece. Após isto, com um jato de água molha-se a tela. A área protegida pela arte, que não recebeu luz e não endureceu, escorre, deixando aberta a área por onde a tinta vai passar durante a impressão, reproduzindo o desenho original.
Para as artes mais complexas, como as reticulas finas de uma quadricomia, separações indexadas ou mesmo na especialidade dos circuitos eletrônico impressos, utiliza-se emulsões sofisticadas que exigem uma fonte de luz com alto grau de emissão ultra-violeta para a perfeita gravação da imagem desejada.
Usamos a melhor fonte de luz metal-halogênio fabricada no Brasil, com alta dose de radiação ultra-violeta, para a gravação de nossas telas de precisão.
Como se viu, telas serigráficas podem constituir um sofisticado instrumento de produção, quando preparadas com profissionalismo e com materiais e técnicas adequados.
Mas, o mais comum é encontrar telas de madeira, mal esticadas com tecido inferior, o que permite à qualquer um iniciar uma operação de “fundo de quintal”.
ESTAMPA DE CILÍNDROS
Estampas corridas realizadas em máquinas de estamparia, que utilizam até 12 cilindros ( que na prática é uma tela cilíndrica feita em níquel ). Podem estampar algo como 50 metros , ou mais, por minuto.
O tecido é aderido à uma esteira e passa continuamente pela sequência de cilindros, cada um deixando impressa a arte de sua cor.
Com cilindros, pode-se estampar listras continuas no sentido longitudinal, o sentido do urdimento. Tecidos têm trama (transversal) e urdimento (longitudinal). Permite áreas contínuas chapadas de tinta; como “pois” vazado na cor do tecido, impossível de ser feito à quadro, onde a emenda de tintas sempre fica marcada e visível. Neste século 21, já começam a ser vendidas máquinas de estampar pelo processo de jato de tinta, como nas impressoras de computador.
Já existem há alguns anos para produção de mostruários em pequenos lotes; mas agora estão evoluindo, com maior velocidade, para a produção de quantidades comerciais. Mas, mesmo assim, muito lentas ainda. É um cenário de futuro, com possibilidades fantásticas para a impressão de tecidos.
ESTAMPA LOCALIZADA
Estampas realizadas sobre peças cortadas.
Podem ser manuais ou mecanizadas em carrosséis automáticos, como usam uma Hering ou Sul Fabril, que possuem várias destas máquinas; normalmente a MHM austríaca.
Justificam-se quando os lotes de produção são grandes e muitos, como mais de 3.000 peças por estampa.
As estampas localizadas podem ser executadas na mesma mesa onde se faz as estampas corridas ou em placas, ou berços, individuais de alumínio com aquecimento, em carrosséis manuais, ou até mesmo em placas soltas de duratex.
ESTAMPA CORRIDA
Estampas realizadas em tecido ou malhas a metro. Como já vimos, manualmente ou mecanizadas.
O segredo da estampa corrida está em confeccionar a arte de forma em que cada batida consecutiva das telas, a emenda de uma batida com a outra não seja percebida; que a estampa mostre um continuum absolutamente uniforme, como se a emenda não existisse.
Esta “emenda” chamamos de “rapport”, também chamada em português de “atacadura”.
Chamamos de rapport também a largura de cada batida, ou melhor , a distância entre as cruzetas de registro que define a distância entre os batentes da mesa que vão garantir o perfeito encaixe de cada batida consecutiva.
A arte gravada na tela da estampa corrida é, normalmente, composta de desenhos menores, ou módulos de repetição, que se encaixam perfeitamente em si mesmos por todos os lados. A técnica e a qualidade da execução do módulo de repetição é fundamental para o resultado final. Repetições mal resolvidas , vão gerar um tecido estampado com uma padronagem que parece “azulejada”, módulos perfeitamente discerníveis, quando êls deveriam estar com suas emendas invisíveis.
Há desenhos com módulos de repetição pequenos - 10cm - caso de florzinhas muito pequenas, como nas estampas “Liberty”. Ou podem tomar a tela toda, como numa estampa do estilista Pucci.
FALSO CORRIDO
Estampas realizadas sobre pedaços de tecidos cortado, ou paneaux, podendo ter ou não continuidade de emenda do rapport de uma estampagem para a outra.
Muito usada em pequenas estamparias que não possuem longas mesas de estampagem, para simular a estampa corrida. Neste caso os paneaux são enfestado e o corte riscado e efetuado. A perda de tecido é maior, mas é a única maneira de viabilizar um corrido simulado em uma pequena área.
Pode-se fazer falso corrido de forma corrida. Estampa-se como se fosse corrida, mas cada batida de tela não emenda com a outra. Tem-se que cortar depois em paneaux e enfestado (empilhado) como já mencionado.
Existem certa estampas onde isso é desejável. Por exemplo : estampar a bandeira do Brasil, uma atrás da outra em um tecido à metro; ou uma fantasia “bate-bola” para os blocos de clovis, que nos procuram todos anos ou vestidos, onde a flor principal tem que estar numa posição determinada: na altura do peito por exemplo ou fazer uma tela para estampar listras longitudinais num tamanho que dê para cortar uma calça, com uma tela com um rapport da dimensão necessária.
Na realidade, trata-se de uma estampa localizada feita em tecido à metro. Uma estampa localizada, executada como corrida.
Listras longitudinais não podem emendar pois ficam marcados na emenda da tinta sobre tinta. Nenhuma área continua pode ser estampada em estamparia de quadro, só com cilindros.
Para viabilizar a estamparia de quadros de certos desenhos, utilizamos recursos para permitir que cada batida flua para a outra sem emendas percebíveis. Usamos os elementos da estampa pra criar um caminho da emenda - raminhos, folhas, ou qualquer outro motivo que constitua a estampa.
TINTAS
Existem basicamente os seguintes sistemas de tinta para estampar tecidos:
COM PIGMENTOS
Pigmentos são matérias sólida, moída muito fina, em diversas cores.
Adicionada nas doses certas à uma base, ou pasta à base d’água, que contém fixador, emulsionador, amaciante, água e outros aditivos conservantes, constituem a tinta de estamparia.
Existem pastas (à base d’água) de cura ao ar (acrilica) ou de cura por calor. A pasta com resina acrílica, de cura ao ar, é muito usada em camisetas, e cura ao ar em 72 horas. São muito práticas para estampas localizadas, porém têm um toque mais sólido, e desagradável para uma blusa ou vestido todo estampado.
As pastas de cura por calor, por outro lado , têm um toque mais suave e macio. Depois de lavadas e amaciadas ficam melhor ainda. São o que chamamos de tinta TT - tintas translúcidas para serem estampadas sobre tecidos brancos.
Quando estampadas sobre tecidos coloridos elas se compõe com a cor do fundo formando uma terceira cor, o que muitas vezes é o que se quer. No caso da tinta preta o resultado é sempre o preto, e isto é muito utilizado, já que se tem um tecido estampado em duas cores tendo-se estampado uma única cor, o preto.
Pigmentos adicionados em excesso requerem mais fixador, o que endurece e empapela a estampa - sendo assim não adianta tentar copiar certas cores muito intensas de corante com pigmento, pois o resultado é um tecido sem caimento e endurecido e com risco de soltar tinta.
CORANTES
São tintas feitas com corantes químicos cujo resultado é normalmente excelente: cores mais vivas e vibrantes e absolutamente nenhum toque; porque mudam a cor da fibra sem acrescentar matéria sólida.
É o que se encontra nas roupas mais finas, nos lenços de seda, nas cangas de praia ( dependendo da viscosidade da pasta, a estampa aparece também do outro lado do material. São chamados de corantes reativos, usados para estampas popeline, viscose, seda, etc. Para estampar lycra e poliester usam-se os corantes ácidos.
Porque não a usamos? É um processo mais complexo e caro: o controle das cores é traiçoeiro (só se vê a cor final depois da lavagem), o material estampado tem que ser vaporizado em equipamentos que utilizam caldeiras e, depois, têm que ser lavados para descarregar o excesso de corantes.
As cores têm que ser escolhidas de cartelas previamente preparadas, que já foram lavadas e mostram as cores finais. Difícil é que novos lotes de corantes sejam fornecidos exatamente iguais aos usados para as cartelas.
Isso pode ocorrer também com pigmentos - por isso usamos sempre os pigmentos Bayer que nos oferecem uma boa consistência de resultados, e exigimos uma margem de variação de até 10% aos nossos clients.
Pode-se estampar lycra com pigmento, mas o resultado não é tão bonito. Mas, ainda assim, pode-se obter estampas muito boas com pigmentos se as cores escolhidas atendem ao desenho do cliente.
Fazemos também muitas estampas localizadas em peças de lycra cortada com tinta plastisol - como peças de biquinis, maiôs e roupas da linha aeróbica, com aplicação de glitter, esferas de vidro e brilhantes.
TRANSFER SUBLIMÁTICO
São papeis impressos com uma tinta a base de corante sublimático que, quando pressionados com calor sobre um tecido com poliéster em sua composição, transferem a estampa impressa para o tecido pelo processo de sublimação, ou seja, a passagem do estado sólido da tinta seca para o estado gasoso que, assim, tinge o material.
Existem máquinas, calandras, que trabalham com papel em rolo, que transferem a estampa continuamente para um tecido alimentado paralelamente na máquina. Como estes papeis são impressos em offset, exatamente como papel de revistas, consegue-se uma qualidade de impressão extraordinária.
Quase toda roupa de alta qualidade em tecidos com poliéster são impressos assim. Quando nos trazem uma estampa destas para copiar, a tarefa é difícil ou até impossível, seria necessário ter acesso aos fotolitos originais da estampa em questão. A única restrição é que ficamos limitados aos desenhos trazidos pelos importadores de papel de transfer ( da França e da Alemanha, em geral). Não se tem também, controle sobre a exclusividade. A não ser que se compre todo o lote de muitos milhares de metros.
No caso de estampas localizadas, ou mesmo em falsos corridos,
temos uma prensa com 1 metro por 90 cm que permite usar papeis feitos por nós numa impressora automática para papeis, ou se a quantidade justificar, mandar imprimir numa gráfica especializada, em offset, e obter um resultado excelente.
PLASTISOL
É uma tinta à base de plástico PVC. Ela pode ter um toque mais forte, o que muitas vezes é desejável pelo cliente.
Têm que ser curada numa estufa à 165º C por 3 ou 4 min. O material tem que agüentar esta temperatura sem encolher ou amarelar, ou mudar de cor. Aliás, todo material tem que ser testado antes de se encetar o corte e a impressão.
É uma tinta que tem uma qualidade maravilhosa em relação à produtividade e à mecanização da impressão: elas não secam nunca, não entopem telas, o que permite largar a tinta na tela e ir almoçar. Elas não secam, elas são curadas, e se fundem no material onde estão sendo impressas. Nos Estados Unidos, adeptos da produtividade, praticamente só se usa esta tinta. Aqui no Brasil já se está usando esta tinta há alguns anos com excelentes resultados.
Nos carrosséis automáticos só se pode usar esta tinta, pois como não secam, nem entopem as telas, a produção não é arruinada porque a tela de alguma cor entupiu e a cor ficou falhada. Além do mais, no final do expediente pode-se deixar as telas no lugar, devidamente no registro, para retomar o trabalho no dia seguinte. No nosso calor tropical, poucas peças seriam estampadas antes que as tintas à base d’água começassem a secar nas telas.
TINTA DE COBERTURA
São usadas quando se deseja estampar sobre tecidos ou malhas coloridas, sobretudo nas cores mais escuras. Podem ser TT, acrílicas ou plastisóis. Recebem, em sua composição, óxido de titânio finamente moído, o que permite obter a opacidade da tinta.
No caso das tintas à base d’água, o pigmento branco acrescenta mais um fator sério de entupimento de telas. O pigmento branco é muito maior que o pigmento colorido: como comparar uma bola de futebol com uma continha. Quando se usa tinta de cobertura as telas utilizadas precisam estar esticadas com um tecido com uma trama mais aberta, que permita a tinta fluir sem provocar entupimentos.
A tinta plastisol de cobertura não entope, e trabalha com telas onde as tintas à base d’água não poderiam ser usadas. Isto permite bons detalhes, mesmo em letras finas em branco sobre fundo escuro, ou retícula de policromia ou indexado.
As tintas de cobertura normalmente são repicadas, ou seja, estampadas como uma segunda demão, para poder efetuar uma cobertura eficiente.
Na estampa corrida procuramos usar as tintas de cobertura com parcimônia, pois não só têm um toque mais sólido devido ao depósito de mais pigmentos brancos, como não se repica estas cores. Repicar cores na estampa corrida a encareceria demasiadamente. Assim o branco fica meio “off-white”, ou um branco sujo. Se o fundo é de cor clara ou pastel a cobertura é muito boa.
TINTAS ESPECIAIS
Para confeccionar outras tintas especiais adicionamos componentes para se obter outros visuais.
Nesta categoria estão as tintas de expansão ( ou “puff” ), as tintas peroladas, onde se acrescenta um produto importado, muito caro, chamado Iriodine.
Usamos também pigmentos metalizados para conseguir tintas dourada, prateada, bronze, ouro velho. Há ainda a adição de “glitter” e purpurina. O “glitter” é uma purpurina com partículas um pouco maior. É feita normalmente em poliéster metalizado, é fornecido em várias cores além do tradicional prata e ouro.
Estas tintas podem ser usadas tanto na estampa corrida como na localizada.
A tinta plastisol é usada apenas na estampa localizada, já que não secam em temperatura ambiente não há como fazer a cura intermediária entre as cores, o que é possível ao estampar peças cortadas.
PROCESSOS ESPECIAIS
Temos muitas estampas que utilizam processos especiais, ou uma combinação de vários processos:
Flocagem: aplica-se uma camada de flocos (usualmente de rayon) orientada eletrostaticamente, para dar um efeito de veludo ao desenho.
Esferas de vidro em diversas bitolas, dá um reflexo bonito ou simula brilhantes.
Esferas sintéticas em várias cores , permite efeitos e acabamentos interessantíssimos em composição na estampa.
Foil metálico: prensa-se uma folha metalizada, aplicando ao desenho um filme dourado, prateado ou coloridos metalizados.
Miçangas coloridas: aplica-se estes elementos em detalhes da estampa ou até num desenho pequeno, mais delicado.
Brilhantes, tachas e estrêlas Swarovsky- usadas para dar toques sofisticados e embelezar estampas.
Ainda é possível combinar estes processos, acrescentar bordados ou crochets, ou ainda folhas, fios de lã, recortes de feltro, ou o que a criatividade inventar, e a técnica permitir.
Obviamente existem custos associados a esta viagem criativa, que muitos clientes escolhem por serem de vanguarda; ou por sua clientela absorver tranquilamente este tipo de custo em nome da diferenciação.