1) De que maneira entender o tema indexação de cores contribui para
obter bons resultados em estampa feita por meio da serigrafia?
Este tema
está sendo abordado com maior freqüência na atualidade, pois sabemos que o
processo de impressão serigráfica também tem passado por uma grande evolução
tecnológica, advinda da evolução dos recursos digitais.
Até pouco
tempo se ouvia falar muito que o fim da serigrafia estava muito próximo. Mas eu
sempre tive uma visão que a serigrafia passaria por um processo de automação
industrial e utilizaria recursos inovadores, bem como novos insumos, e se
sustentaria como um processo forte e consolidado para impressão de determinadas
mídias específicas.
Esta nova
realidade está presente hoje em algumas estamparias que investiram neste
processo como forma de produzir com qualidade e baixo custo.
Antes da
indexação de cores, se utilizava muito a impressão CMYK como forma de
reproduzir imagens realistas complexas em serigrafia. Sabemos que bons
resultados são alcançados ainda na atualidade com a técnica de impressão em quadricromia
em tecidos de cor branca, porém em tecidos de cor preta se faz necessário a
impressão de uma base branca para receber as cores CMYK posteriormente. Esta
base branca sempre foi indesejável, porém necessária, pois as tintas de cromia
não possuem solidez na cor, ou seja, são cores translúcidas. Essa limitação de
impressão fez com que o resultado final apresentasse uma estampa pesada, devido
à impressão deste fundo branco.
Desta
forma, eu vejo a indexação de cores em serigrafia como uma excelente opção para
se produzir estampas com imagem realistas com alta qualidade impressa, com
custos reduzidos quando comparado com a impressão têxtil digital em larga
escala de produção, onde os insumos ainda possuem custos alto quando precisamos
imprimir grandes quantidades. Não podemos também deixar de mencionar que o uso
de tinta plastisol na impressão de cores indexadas em serigrafia, proporciona
um toque suave e bonito visualmente, valorizando o vestuário.
2)Tecnicamente, como é feita a indexação de cores?
Indexar não é mais do que uma técnica que nos
permite limitar o número de cores numa imagem a um conjunto específico e
predeterminado de cores.
Em Photoshop estas cores são salvas como uma
"Color Look-Up Table", normalmente referidas como CLUT. Este CLUT
serve como um índice de cores numa imagem. Num sentido bastante vago, todas as imagens
digitais são indexadas porque elas são compostas por um conjunto limitado
de cores, definido pelo "gamut" de um determinado tipo de espaço de
cor de uma imagem.
Logicamente, no caso de uma imagem RGB ou CMYK, o número de cores pode ir até as
centenas de milhares. Por sua vez, o Photoshop não é capaz de gerar
um CLUT para mais que 256 cores, o conceito é o mesmo; a imagem é formada com
um conjunto limitado de cores.
Imagem
em RGB
O Photoshop tem uma rotina de indexação que tem sido
utilizada por anos para reduzir o numero de cores da paleta de gráficos
destinados á internet, com a finalidade de reduzir o tamanho do arquivo.
Porem pouco utilizada pela serigrafia, devido algumas
limitações, desta forma, especialistas desenvolveram processos dentro do
próprio Photoshop no qual podemos realizar estampas realísticas com cores
indexadas de 04 a 12 cores, conseguindo ótimos resultados.
É válido
perguntar; mas então porque havemos de querer utilizar cores indexadas?
A primeira tarefa quando pretendemos fazer uma
separação de cores, é decidir qual o tipo de separação que irá funcionar melhor
para a nossa imagem. CMYK ou Cores Indexadas?
Considerando que as separações indexadas não
utilizam as tradicionais tramas de meio-tom, mas sim pixels quadrados, em que
todos têm o mesmo tamanho, outro fato interessante é que esse ponto não se
sobrepõe como ocorre na impressão em
quadricromia. Os pontos da retícula em cores indexadas são dispostos lado a
lado, o que permite a produção de matrizes serigráficas de melhor qualidade.
Imagem
com cores indexadas
3) Algum tipo de tinta é mais indicado para estampas produzidas a partir
da indexação de cores? Qual e por quê?
A impressão
de cores indexadas em serigrafia exige o
uso de uma tinta que não seque em temperatura ambiente. Pois a reprodução de
pontos muito pequenos seria impossível com uso de tintas convencionais, ou
seja, tintas a base de água, que secam em temperatura ambiente.
As dificuldades também estavam no acerto das cores das
tintas, como conseguir umas cores tão vivas sobre um tecido preto sem repiques,
com toque macio, trabalhando com reticulas entre 55 a 70 LPI, com
telas entre 77 a 120 fios cm, onde querendo imprimir com alta
produtividade com tintas base água é praticamente impossível.
Neste caso
específico utilizamos as tintas chamadas de plastisol, formuladas a partir de uma
resina de PVC 100% sólida e seus plastificantes, proporcionando toque macio. Tinta
de secagem em estufa. Para a cura total recomenda-se temperatura de 160° a
170°C, por 3 a 4 minutos.
O uso de
uma tinta com qualidade, de boa cobertura em fundos escuros e que não seque em
temperatura ambiente é fundamental para o sucesso desta técnica de impressão.
4) Existem macetes para trabalhar com indexação de cores? Quais?
Eu diria
que na verdade existem recursos tecnológicos adequados para estabelecer um
ótimo resultado de impressão com cores indexadas.
Se você
deseja alcançar um excelente resultado final de impressão serigráfica com está
técnica, eu recomendaria alguns investimentos como uma impressora têxtil
automática, comumente chamada de impressora carrossel, onde podemos controlar a
repetibilidade da impressão com ajustes de velocidade, pressão e inclinação do
rodo impressor.
Outro fator
importantíssimo, é a qualidade das matrizes serigráficas, hoje em dia existem
equipamentos de gravação de matrizes digital, denominados CTS – Computer To
Screen, capazes de reproduzir imagens complexas com muita qualidade de
resolução em telas serigráficas.
Com o uso
desses recursos para reproduzir cores indexadas em serigrafia, você certamente
alcançará um ótimo resultado final, agregando valor ao seu produto de
vestuário, criando um diferencial competitivo para sua comercialização.
Sérgio Machado de Lima “Dr.
Silk”.
Professor e Consultor em
artes gráficas.