quarta-feira, 24 de abril de 2019

Aspectos Técnicos da Produção em Quadricromia



O constante crescimento da técnica de quadricromia na serigrafia tem feito com que muitos serigrafos procurem se iniciar na técnica. A quadricromia é uma técnica especial que permite a reprodução com extrema fidelidade de qualquer tipo de original, seja ele uma foto, um desenho, por meio de apenas quatro cores básicas: cyan, magenta, amarelo e preto. Essas quatro cores impressas por meio de reticulados (imagens fragmentadas em pequenos pontos) e sobrepostas permitem a reprodução de qualquer tipo de cor existente no original, assim como a grande variação de tonalidades existentes em uma foto colorida.


A obtenção dos diapositivos da quadricromia é feita por meio de processo eletrônico de seleção de cores, usando-se a síntese subtrativa de cada uma delas. Por meio desses processos a riqueza de detalhes de um original colorido é reproduzido com extrema fidelidade. As tintas usadas para quadricromia são translúcidas e obedecem um padrão de cor na escala Europa, o que permite a reprodução universal de qualquer tipo de original.

A obtenção das diferentes cores na reprodução de quadricromia ocorre pela sobreposição de cores e provem do efeito ótico e não físico.

Para imprimir em quadricromia é necessário conhecimento especifico sobre vários aspectos que determinam a qualidade e a possibilidade de reprodução fiel do original. Em qualquer reprodução de quadricromia, deve-se analisar os seguintes itens:

Uma regra é básica e muito verdadeira. Começar certo para se evitar problemas durante o processo de impressão de quadricromia. A reprodução está inevitavelmente ligado a perda de qualidade, ou seja uma cópia não oferece exatamente as mesmas características do original com isso sempre se perde algo durante a impressão, porém reproduzir uma imagem que já de início apresente falhas no original, implica na obtenção de uma péssima cópia no final, por isso que existe uma série de parâmetros a serem considerados para se chegar ao máximo de aproveitamento para reprodução por meio das quatro cores.

A resolução precisa ser de no mínimo 250 a 300 DPI para a reprodução em camisetas. Esse valor tem que ser o real e não a resolução interpolada que confunde na hora da compra, que consiste em esticar a figura escaneada, produzindo imagens com resoluções impressionantes, porém uma resolução interpolada altíssima é inútil por três motivos:

  •  A imagem não fica com boa qualidade, pois a imagem é captada por sensores com resolução real e esticada para atingir a desejada. Como exemplo temos uma imagem captada por um sensor de 600 DPI esticada 32 vezes para atingir uma resolução de 19200 DPI.
  •  Porque esse esticamento pode ser feito por qualquer programa gráfico e não necessariamente pelo scanner, e a quantidade de memória que um computador deve ter para escanear uma imagem interpolada é muito elevada podendo até esgotar a memória de um computador.
  • E o tempo é relativamente alto para que o scanner transmita a imagem para o computador, podendo levar de minutos à horas dependendo da velocidade da conexão.

Recomendamos fazer uma avaliação prévia da imagem, pois tons como pele, degradês e outros exigem diapositivos adequados.



Tratamento: A imagem escolhida deve ter um tratamento necessário por meio de softwere como Photoshop, para que apresente alta definição.

Fundo Branco: É imprescindível a produção de um diapositivo chapado, que será um fundo branco para aplicação da cromia em fundos escuros porém, a camada branca deverá ter milímetros a menos que a imagem original, para se evitar após a impressão o aparecimento de uma margem branca em volta do desenho, levando-se em conta que o fundo não poderá ser muito menor que o desenho para que a impressão saia diretamente sobre o tecido, impossibilitando a visualização, visto que tintas para quadricromia são transparentes.

Um dos problemas mais frequentes é a falta de resolução do desenho em relação ao original visto no monitor a calibração do monitor evita a elaboração de desenhos com cores que jamais poderão ser reproduzidas corretamente.


Cor aplicadada: Entende-se por cor aplicada qualquer cor usada em um determinado original, seja ela laranja, azul, marrom, etc. Esse caso é muito comum na serigrafia em que se imprimem originais com seis, ou mais cores. O processo para obtenção dos diapositivos pode ser manual ou fotomecânico (fotolito). Para cada cor, é necessário fazer uma impressão, por isso trabalhos com muitas cores demandam mais tempo e maior consumo de tinta.

Uma das vantagens da utilização do processo de cores aplicadas é o de poder imprimir sobre materiais de diferentes cores (até mesmo o preto), pois as tintas usadas no processo de cor aplicada são opacas (não confundir com fosca), isto é não tem transparência. A obtenção das diferentes cores, no caso de cor aplicada, é feita por meio de mistura física.

12.1. Escolha do original

Você pode usar uma foto comum em papel, um slide, um desenho pintado, etc. É importante observar se o original é de boa qualidade. Como o processo de seleção de cores é feito em equipamentos especiais, você deve instruir seu cliente a conversar com o estúdio do fotolito para saber se o seu original tem o tamanho correto que permita entrar na máquina, pois existem algumas máquinas que não trabalham com originais rígidos, sendo necessário transformar o original em uma foto ou slide. A quadricromia permite ainda a reprodução de originais já impressos, recurso muito utilizado na estamparia têxtil.

12.2. Seleção de cores

É o processo utilizado para a obtenção dos quatro fotolitos de quadricromia já reticulados. Feito em locais especializados, esse processo exige o uso de equipamentos especiais, os scaners, dos quais se obtêm os quatro filmes da quadricromia já reticulados, com inclinação da retícula, tipo do ponto UCR (MRC), mínimas e máximas e ainda camada do filme. O processo de seleção de cores depende de uma série de informações que devem ser passadas ao estúdio de fotolito para que, assim, o trabalho possa ser executado com características próprias para impressão em serigrafia.

12.3. Critérios de impressão

Matriz – A produção de um diapositivo correto permite a produção de uma matriz com a mesma fidelidade, esta deve sempre que possível ser confeccionada em perfís de aluminio, que oferecem maior resistência que os demais. Para a impressão das quatro cores podem ser usados tecidos de poliéstes amarelos, com uma variação de 77 fios (base de água) e 90 a 120 fios (plastisol). Para o fundo branco, a tela pode ser de mais aberta, com 55 fios.

Esticagem – As telas devem ser esticadas no mesmo dia, pois terão o mesmo afrouxamento comum, evitando disparidades que poderão influenciar o registro das telas.

Emulsionamento – A emulsão deve ter resistência á tinta escolhida. O emulsionamento da tela esticada deve ser feito com 4 camadas externas e 3 interna (aplicação direta sem secagem), cobrindo bem o tecido para se evitar problemas posteriores, após alguns minutos a tela estará pronta para a secagem.

Gravação – O ideal é se utilizar prensa a vácuo e uma fonte de luz UV de 4000W aproximadamente. Na montagem do diapositivo sobre a tela a ser gravada, deve-se ter muita atenção as medidas e ao posicionamento dos quatro positivos sobre a tela, pois em relação ao registro, é importante medir as distâncias horizontal e vertical a fim de deixar as quatro matrizes o mais alinhadas possível.

Exposição – Tela para quadricromia não deve ficar muito tempo exposta á luz, pois poderá ocasionar uma perda de pontos, que não serão reproduzidos posteriormente. Outro cuidado adicional que deve ser observado logo após a gravação é quanto a lavagens das telas, pois é preciso revelar todos os pontos da imagem.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Tratamento superficial de flambagem em termoplásticos

Tratamento superficial de flambagem em termoplásticos

Superfícies não polares, inertes quimicamente, acompanhadas da baixa tensão superficial de alguns termoplásticos, fazem com que estes sejam pouco ou nada receptivos a tintas de impressão. O polietileno (PE) e o polipropileno (PP) são os plásticos com as maiores tensões superficiais e por conseguinte requerem tratamento térmico flambagem para se imprimir sobre os mesmos.

A flambagem tem como finalidade aumentar a tensão superficial destes plásticos para que estes possam ser impressos com tintas, receber etiquetas ou qualquer tipo de marcação mecânica. Não se pode visualizar o efeito deste tratamento, porém a troca das propriedades da superfície pode ser detectada pelos seguintes testes práticos:

  • Mergulhar completamente o frasco flambado em água. Uma flambagem correta resultará em um filme de água que cobrirá completamente a superfície do mesmo. Uma má flambagem será constatada se o filme de água se romper imediatamente após se retirar o frasco flambado da água;


  • Fita adesiva. Escrever com um lápis sobre a superfície flambada e colar a fita adesiva sobre o local riscado apertando-a firmemente. Retira-se a fita em um só golpe. Um bom flambado reterá a escrita. O mesmo se aplica a frascos já impressos após 24 horas.









Flambadores a gás



A flambagem é essencialmente uma oxidação do plástico mediante a incidência da chama rica em oxigênio. Uma chama convenientemente ajustada e que tenha energia suficiente resultará em troca estrutural do plástico. Esta troca é superficial, porém não permanente. Após o tempo de 10 a 15 horas a superfície flambada perde sua liberação de radicais e volta paulatinamente a seu estado original, por essa razão deve-se imprimir sobre a superfície do substrato neste prazo. Depois deste período deve-se flambar novamente antes da impressão.

NOTA: Se posteriores impressões fora do período que dura o efeito da flambagem se fizerem sobre a primeira ou última impressão ou cor deverá ser feita uma nova flambagem.
Os materiais que já vem com tratamento oxidativo como mangas e chapas do mesmo de polietileno é tratada pelo processo corona o qual foi apresentado anteriormente. Este efeito pode permanecer por meses. O efeito gerado por flambagem com chama é breve. 

Permite somente imprimir dentro de um turno de trabalho. Ambos tratamentos são totalmente eficazes e a ativação superficial é intensa. A combinação da oxidação e aquecimento produz um flambado de qualidade na embalagem. A oxidação é obtida através de chamas ricas em oxigênio. Estes oxigênios provêm do ar comprimido empregado na combustão do gás utilizado e através de métodos apropriados. Qualquer gás pode ser utilizado neste processo. Os mais disponíveis são o gás propano doméstico, acetileno e gás metano.


terça-feira, 16 de abril de 2019

TRATAMENTOS SUPERFICIAIS PARA IMPRESSÃO

TRATAMENTOS SUPERFICIAIS PARA IMPRESSÃO

Tratamento corona

O tratamento de superfícies plásticas por efeito corona tem sido largamente utilizado nas últimas décadas como um meio efetivo de aumentar a energia superficial desses materiais aumentando deste modo a umectabilidade e a aderência de tintas, adesivos, coatings e laminados.

Teoria: muito se tem pesquisado sobre os efeitos do tratamento corona, e ainda não se determinou precisamente o mecanismo que produz tal efeito. Algumas teorias qualificam o efeito como:


  •  Insaturação das moléculas da superfície do material;
  •  Oxidação da superfície formando carbonila e carboxila, radicais meta dirigentes que se compatibilizam com as tintas;
  •  Rearranjo molecular da superfície.
  • O que podemos afirmar com certeza é que o tratamento corona melhora a adesão com materiais polares, e a modificação é estritamente superficial. A capacidade de uma superfície promover a expansão e aderência de um líquido denomina-se umectabilidade. A tensão de umectabilidade ou tensão superficial dos materiais é mediada em dina por centímetro (d/ cm). Os filmes estudados têm uma tensão superficial naturalmente baixa, como por exemplo:
  •  Poliestireno – 33d/ cm
  •  Polietileno – 31 d/ cm
  •  Polipropileno – 29 d/ cm

Na prática necessita-se de 40 d/ cm para trabalhos de impressão. Esse aumento e proporcionado pelo tratamento corona.

O processo: o tratamento corona consiste no uso de uma descarga de alta voltagem, cujo potencial excedendo o ponto de ruptura de isolação do ar, que é da ordem de 26KV/cm, produz ozônio e óxidos de nitrogênio, os quais oxidam a superfície do filme plástico. O processo é obtido pela passagem do filme sobre um cilindro de metal aterrado, recoberto por um dielétrico para assegurar uniformidade da descarga elétrica e do tratamento.

Uma estação de tratamento típica é composta de:


  •  Um eletrodo ao qual é aplicada a alta voltagem;
  •  Um espaço entre o eletrodo e o dielétrico (gap de ar), o qual será ionizado criando o efeito corona e gerando o ozônio;
  •  O material dielétrico, o qual pode suportar altos níveis de voltagem sem romper-se;
  •  Um plano aterrado, normalmente um cilindro de alumínio sobre o qual é passado o filme.
  • Podem-se tratar também materiais laminados a outros materiais plásticos, papel e até substratos metálicos, como alumínio. No tratamento de substratos metálicos utiliza-se um tipo diferente de estação, a qual tem o metal dielétrico aplicado ao eletrodo de descarga, e não ao cilindro de tratamento.



quinta-feira, 4 de abril de 2019

FORA DE CONTATO

Fora-contato na impressão

A impressão fora de contato facilita o estágio da desmoldagem, parte integrante do processo de impressão, sendo que a tensão inicial da tela supre o esforço necessário para esta desmoldagem ao longo da passagem do rodo. O efeito colateral inevitável é a deformação da imagem transferida. O controle é obtido desde que a deformação seja uniforme, e de valor desprezível para as exigências de qualidade do produto final.

Diante disso podemos concluir que o menor fora-contato possível é altamente desejável, pois quanto menor à distância “quadro x substrato” melhor a resolução da imagem que se deseja imprimir.

Como informado anteriormente, os fios do tecido são flexíveis, consequentemente os tecidos por eles formados também, proporcionando assim uma elasticidade no momento da impressão devido à pressão do rodo, se o tecido estiver dentro das tensões indicadas irá vencer a aderência da tinta promovendo a desmoldagem e depositando a tinta na superfície no formato (desenho) desejado. Este tensionamento envolve o aumento no comprimento dos fios e riscos de distorções.



Devemos também considerar os itens abaixo:

  •  Fora-contatos mais elevados promovem uma elongação maior dos fios, podendo causar distorções ou excedendo o limite de tensão suportável pelo tecido.
  • A largura e o percurso do rodo influem diretamente no alongamento dos fios com idênticas consequências ao caso acima.
  • Na produção da impressão o controle da tensão inicial do tecido é tão importante quanto o ajuste de fora-contato e a seleção do formato da imagem em relação ao formato do quadro.

Chamaremos de tensão com a qual a tela foi colada ao bastidor de pré-tensão. Além da pré-tensão, atua sobre o tecido a tensão fornecida pelo fora-contato e ação do rodo na impressão. A relação tração-elongação nos fios metálicos obedece à lei de Hooke: após uma certa elongação atinge-se o ponto de ruptura, o fio estrangula-se e continua a se estrangular ao longo de todo comprimento, quando então passa a se comportar de maneira elástica novamente. Este comportamento é dependente do tempo, se a tensão for aplicada repentinamente, o afinamento poderá ser proporcionalmente grande, ocorrendo o rompimento.

Os fios sintéticos perdem tensão na tela, porém continuam a se comportar de maneira elástica, ao contrário dos tecidos metálicos. Os limites fornecidos pela maioria dos fabricantes de tecidos sintéticos normalmente são valores abaixo das necessidades da impressão fina e não levam em consideração as possibilidades de uso de quadros auto-tensionantes e reajuste de tensão. Esta pré-tensão pela acomodação da estrutura molecular do material dos fios, se reduz ao longo do tempo e de uso da matriz. A interferência dos fios do tecido na qualidade da imagem é um fato e não deve ser confundido com os limites de capacidade de registro fotográfico e reajuste de tensão.

Nas primeiras horas e em descanso o tecido perde tensão e esta perda gradativamente se reduz até uma “estabilização”. Com o uso sob a pressão do rodo e da ação do fora-contato a tela perderá gradativamente mais tensão até um ponto em que sua utilização não será mais possível.

As tensões admissíveis constantes nos folhetos técnicos dos fabricantes são valores médios e nem sempre são os valores ideais para certas aplicações.